Vivemos tempos em que a figura paterna tem sido cada vez mais questionada, relativizada ou até mesmo ausente. Em meio às mudanças culturais, muitos homens se perguntam qual é, de fato, o seu papel como pais. Contudo, à luz da fé cristã, a paternidade é muito mais do que uma função biológica ou social: ela é uma vocação divina e uma missão sagrada, que encontra seu modelo mais perfeito em Deus Pai.
1. A Origem Divina da Paternidade
A paternidade não nasce da vontade humana, mas é expressão de um desígnio eterno de Deus. Toda verdadeira paternidade tem sua origem em Deus, como nos ensina São Paulo:
“Por esta razão, dobro os joelhos diante do Pai, do qual toda paternidade, nos céus e na terra, recebe o nome.”
(Efésios 3,14-15)
Deus é o primeiro e verdadeiro Pai, e todos os pais humanos são chamados a participar dessa paternidade divina, refletindo em suas famílias o amor, a proteção e a orientação que o Pai do Céu concede aos seus filhos. A paternidade, portanto, é um chamado santo, que deve ser acolhido com reverência e responsabilidade.
2. A Paternidade como Espelho do Amor do Pai
Ser pai é tornar-se, para os filhos, o reflexo do amor de Deus. Em toda a Sagrada Escritura, o Senhor se revela como um Pai que ama, educa, corrige e conduz:
“Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem.”
(Salmo 103,13)
“A quem o Senhor ama, corrige, assim como o pai ao filho que quer bem.”
(Provérbios 3,12)
O pai cristão é chamado a encarnar esse amor, que une justiça e ternura, firmeza e misericórdia. Seu modo de amar deve ajudar os filhos a se sentirem seguros, acolhidos e direcionados ao bem.
Quando um pai é ausente, omisso ou autoritário, ele obscurece essa imagem de Deus na vida dos filhos. Mas quando ele é presente, amoroso e firme, torna-se um verdadeiro ícone do Pai celestial.
3. O Pai como Educador da Fé e da Vida
Na missão educativa da família, o pai ocupa um papel insubstituível. Não basta prover o sustento material: é preciso formar os filhos nos valores humanos e cristãos, ser guia e testemunha. A Sagrada Escritura confia aos pais essa responsabilidade:
“Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.”
(Deuteronômio 6,6-7)
A formação espiritual dos filhos não deve ser delegada apenas à mãe, à Igreja ou à escola. O pai é chamado a ser sacerdote do lar, liderando a oração em família, dando exemplo de vida cristã, e sendo o primeiro catequista de seus filhos.
A educação da fé é uma missão que se realiza no cotidiano: nas conversas, nas decisões, no testemunho de integridade, no perdão e na vivência dos sacramentos.
Uma Missão que Transforma
A paternidade, quando vivida como vocação e missão, transforma não apenas a vida dos filhos, mas também a do próprio pai. Ao espelhar-se em Deus e buscar viver a sua paternidade com responsabilidade e amor, o homem cresce em maturidade, virtude e santidade.
Que todo pai possa olhar para o alto, reconhecer a origem divina de sua missão, e com humildade e coragem, assumir o chamado de ser imagem viva do Pai do Céu na vida de seus filhos.
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados.”
(Efésios 5,1)